Plaorc

Como a análise multicritério fortalece a seleção de projetos de capital

Como a análise multicritério fortalece a seleção de projetos de capital

O desafio da escolha em projetos intensivos em capital

Na indústria de cimentos – assim como em outros setores de capital intensivo – a decisão sobre quais projetos entram ou não no portfólio define o rumo estratégico da empresa.
Cada proposta concorre por recursos escassos: tempo, capital e equipes especializadas.
E o dilema se repete: priorizar o projeto mais barato, o mais estratégico ou o mais simples de executar?

Por que a análise multicritério (AHP) importa

O método Analytic Hierarchy Process (AHP) organiza esse processo em camadas hierárquicas, permitindo comparar alternativas sob diferentes pontos de vista.
Não é apenas sobre custo: é sobre construir um ranking racional e transparente de projetos.

Os benefícios:
  • Visão holística: integra critérios financeiros, operacionais e estratégicos.
  •  Redução da subjetividade: comparações par a par dão clareza e eliminam vieses.
  • Consistência mensurável: o índice de inconsistência confirma se as escolhas são coerentes.

O que os números revelam no estudo de caso

Na aplicação do AHP na indústria de cimentos, três critérios se destacaram:
  • Custo (64%) – ainda o fator mais determinante.
  • Classificação estratégica (26%) – projetos de modernização, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Ambiente) ou sustaining.
  • Complexidade de implantação (10%) – grau de dificuldade prática de execução.

O resultado: os projetos mais bem classificados não eram necessariamente os mais baratos, mas sim os mais equilibrados entre custo, relevância e viabilidade.

Mais do que números: Governança e estratégia

Um dos pontos fortes do AHP é a sua capacidade de gerar confiança.
No estudo, o índice de inconsistência foi de apenas 0,037, validando que as decisões seguiam uma lógica sólida.
Isso significa que o processo não só escolhe melhor, como também deixa rastros auditáveis, fortalecendo a governança corporativa.

Recomendações para evoluir a prática

Para organizações que buscam dar o próximo passo, vale considerar:

  •  Expandir critérios: incluir impacto ambiental, ROI e riscos associados.
  • Integrar metodologias: combinar AHP com Monte Carlo (riscos) e programação linear (otimização).
  •  Testar em outros setores: aplicar a lógica multicritério em energia, mineração e infraestrutura.

Conclusão: escolher bem é sobreviver

Em projetos de capital, escolher errado pode custar milhões e comprometer anos de operação.
O AHP não elimina a necessidade de julgamento humano, mas oferece uma bússola quantitativa para alinhar decisões ao que realmente importa: estratégia, sustentabilidade e valor de longo prazo.

Alexandre Costa
Especialista em Administração Financeira e Gestão de Projetos

Deixe um comentário