- Seg. a Sex. das 08h às 17hs | Sáb. das 08hs às 12hs
- [email protected]
Nos últimos anos, a gestão de projetos de capital e construção passou a adotar práticas colaborativas e baseadas em valor, capazes de superar a lógica tradicional de contratos fragmentados e decisões unilaterais. Nesse movimento, quatro abordagens se destacam:
Cada uma contribui com ferramentas e princípios que, quando aplicados em conjunto, criam *sinergia entre governança, tomada de decisão, inovação e melhoria contínua.
O IPD é um modelo contratual e colaborativo no qual *owner, projetistas e construtores compartilham riscos e ganhos*.
Em vez de contratos tradicionais que promovem disputas, o IPD cria um contrato multiparte focado em metas comuns de custo, prazo e desempenho.
Principais características:
Benefícios: maior transparência, redução de claims, foco em geração de valor.
Fonte: AIA California Council (2007), “Integrated Project Delivery: A Guide.”
—
O CBA é um sistema de tomada de decisão desenvolvido por Jim Suhr, amplamente usado em projetos Lean.
O método propõe escolher alternativas com base nas *vantagens comparativas*, e não apenas em custo.
Etapas centrais:
1. Identificar alternativas.
2. Listar atributos de cada alternativa.
3. Identificar as vantagens de cada atributo.
4. Avaliar a importância de cada vantagem.
5. Somar pontos de importância e comparar com custo.
Benefício: decisões mais transparentes, racionais e alinhadas com valor, evitando subjetividade ou “low bid” sem análise de qualidade.
Fonte: Suhr, Jim (1999). Choosing By Advantages: How to Make Sound Decisions.
—
O Target Value Design é um sistema de concepção baseado em metas que inverte a lógica tradicional:
em vez de projetar primeiro e depois estimar o custo, define-se *o valor-alvo do cliente* e o projeto é *desenhado para caber nesse valor*.
Princípios:
Benefícios: maior aderência a orçamento e necessidades reais, evitando surpresas em fases avançadas.
Fonte: Ballard, G. (2008). *Target Value Design: Nine Foundational Practices for Delivering Surprising Client Value. Lean Construction Journal.*
—
O A3 Thinking, originado no Sistema Toyota de Produção, é uma prática de resolução estruturada de problemas em uma única folha (A3).
Mais do que um documento, é um processo de raciocínio disciplinado.
1. Contexto e problema.
2. Situação atual (dados).
3. Metas.
4. Análise de causa raiz.
5. Contramedidas/planos de ação.
6. Implementação.
7. Verificação e aprendizado.
Benefício: promove clareza, lógica causa-efeito e aprendizado organizacional, evitando soluções superficiais.
Fonte: Sobek, D. K., & Smalley, A. (2011). Understanding A3 Thinking: A Critical Component of Toyota’s PDCA Management System.
—
Essas abordagens não são isoladas — ao contrário, se reforçam mutuamente:
IPD cria o ambiente colaborativo para aplicação.
CBA fornece lógica estruturada para decisões complexas.
TVD garante que o projeto seja orientado a valor real do cliente.
A3 Thinking estrutura o aprendizado contínuo e a resolução de problemas.
Em conjunto, constroem um sistema de governança e inovação alinhado às melhores práticas de *Lean Construction e AWP*.
—
O futuro dos projetos de capital não será escrito apenas por tecnologias como BIM ou digital twin, mas pela *forma como equipes colaboram, decidem e aprendem*.
Modelos como IPD, CBA, TVD e A3 Thinking representam esse salto de maturidade — menos fragmentação, mais integração, menos desperdício, mais valor.
—
* AIA California Council (2007). Integrated Project Delivery: A Guide.
* Suhr, Jim (1999). Choosing By Advantages: How to Make Sound Decisions. Chagrin Falls, OH.
* Ballard, G. (2008). Target Value Design: Nine Foundational Practices for Delivering Surprising Client Value. Lean Construction Journal.
* Sobek, D. K., & Smalley, A. (2011). Understanding A3 Thinking. CRC Press.
* Lean Construction Institute (LCI). Resources on IPD, CBA, TVD and A3.