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Estamos acostumados a nos preocupar com escopo, tempo, custos e as outras disciplinas do gerenciamento de projetos. O profissional antenado ultimamente se recicla com os métodos ágeis. Busca certificações de melhoria de processo lean. Adiciona ferramentas de big data ao seu rol de habilidades. Entretanto, é comum, no ambiente industrial atual, que a segurança do trabalho tenha protagonismo em frentes de serviços de implantações de projetos. Verificamos, neste sentido, uma lacuna na integração da disciplina ‘segurança do trabalho’ com as metodologias e a rotina estruturada de concepção, aprovação e implantação de projetos, programas e portfólios. Lacuna esta que grita por conteúdo e demanda desesperadamente por soluções.
O profissional experiente, tanto em gestão como em execução, é surpreendido por uma forte filosofia de “não fazer se não estiver 100% seguro”. Definir o que é 100% seguro, definir o nível de mitigação de riscos que é razoavelmente aceitável, elaborar um plano de trabalho sensato e seguro com o comprometimento de todos os stakeholders hoje se torna desafio mais árduo do que seria o ideal. Muito disso ocorre devido a esta falta de materiais que tratem da integração ‘metodologia de gestão de projetos’ x ‘metodologias executivas de montagens e construções’, permeado pela análise crítica de saúde, segurança e meio-ambiente. Muitos profissionais de segurança possuem miopias na prática de implantação e propõem soluções inviáveis. Muito da experiência e criatividade de executantes muito vividos se perde por pura resistência criada ao rotular a equipe de segurança.
Um grande trabalho tem sido feito, sobretudo pelas empresas líderes em práticas de segurança do trabalho, para sensibilizar todos os envolvidos sobre a relevância do trabalho seguro. Depoimentos de ex acidentados comumente mudam a percepção do público exposto a traumas reais. Todavia, as integrações de segurança têm dependido menos deles e têm conseguido explorar melhor o poder de abstração dos funcionários para imaginar as possíveis consequências pessoais, econômicas e familiares, dentre outros aspectos, dos acidentes em suas vidas. Abstração semelhante é utilizada ao planejar um projeto.
Um bom planejamento requer antecipação de cenários, honestidade, experiência e empenho em traduzir, seja em formato de EAP’s e cronogramas, seja em sprint ou product backlogs, os desafios que estão por vir. Integrar estes dois aspectos parece tão natural que surpreende a abordagem casada não ter se tornado ainda um padrão ouro do mercado. O desafio é grande.
Da mesma forma que os softwares de planejamento há alguns anos criaram módulos de análise de risco e imaginaram que a evolução para avaliar riscos juntamente com o planejamento seria algo natural, o que acabou por não se confirmar, o mesmo pode sempre ocorrer novamente. Até porque os projetos de TI, que são grandes alavancas de criação de ferramentas brilhantes, não têm como uma preocupação prioritária a segurança do trabalho no nível que obras de campo exigem. Trabalho em altura, espaço confinado, EPIs e diálogos de segurança são realidades muito mais presentes nas frentes de serviço do que num escritório de desenvolvimento de app. Lá, a segurança virtual assume protagonismo. Assim, há o risco de continuarmos a planejar sem ter como um frame recorrente o aspecto de segurança do trabalho, se não forem criadas soluções refinadas e práticas.
A integração de aspectos de segurança do trabalho, desde a concepção do projeto, deve ser incentivada e patrocinada pelos envolvidos. Neste sentido, idealizamos reunir experiências de profissionais de planejamento e segurança do trabalho para destacar momentos em que um planejamento feito de forma permeada pelo comportamento seguro evitou acidentes e diminuiu preocupações. Esse dicionário de casos organizados por tópicos pode ajudar como um banco de lições aprendidas. Assim, quando o planejamento estiver no início, os envolvidos podem pesquisar cuidados a seguir, por exemplo, sobre uso de andaimes ou movimentações de cargas, com base em experiências de profissionais referência no mercado.
Qualquer contribuição neste afã é honesta no sentido de legitimar o tempo e esforço que se gastam nesta disciplina chamada segurança no trabalho, que hoje supera em muito algumas tradicionais disciplinas do gerenciamento de projetos.
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